terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Poesia faz pensar




Hoje achei e trouxe da biblioteca da escola um livro muito interessante chamado Poesia faz pensar.Depois de ler o livro, resolvi fazer uma resenha um resumo,constando as principais poesias, e contexto delas.Basicamente o livro tem uma ideia de reflexão,pois é bastante explicativo,desmascarando os poetas,suas histórias,seus sentimentos, e pensamentos.Afinal,poeta que é poeta,é filosofo também, e filosofo que é filosofo e poeta sim! 
Nasce um sol poético,nasce um pensamento,nasce um sentimento e por fim um poema bem feito.No livro Poesia faz pensar,Carlos Felipe Moisés argumenta em um prefácio breve,o quanto o poeta sente,imagina,reflete e navega nos mares de palavras e sílabas perdidas;citando por exemplo; Fernando Pessoa e Casimiro de Abreu. 
  A caneta é só um passaporte para a imaginação,cujo Olavo Bilac exclama ; "Oh,deixar de sonhar,o que não vejo".E também Drummond ; "Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo/Realizar em si toda a humanidade"
  O livro é divido em cinco partes,todas com um carácter humorista,divertido,musical,poético etc (Conforme o estilo das épocas). 


Obs : Venda do livro proibida,você estudante,com certeza achará na biblioteca de sua escola (publica).
Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 


Camões
Comentários 


"Poeta é cercar-se de miragens,como a beleza imortal, e encarar o mundo como quem almeja o impossível,mesmo sabendo que não o conseguirá "


O poeta é aquele que sonha,vivendo do tormento irreal,das aparições verbais de sua vida.E entre sonetos se acham,entre contrários se perdem,no ceticismo de suas cabeças caducas

Ingrid.

Poema negro 
Augusto dos anjos 


Caminho, e a mim pergunto, na vertigem: 
— Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem? 
E parece-me um sonho a realidade. 



O interessante também é a ideia de "Sim contra o sim" de Alberto Caeiro e João Cabral 


O que Nós Vemos das Cousas São as Cousas


O que nós vemos das cousas são as cousas.
 
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra? 
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos 
Se ver e ouvir são ver e ouvir? 
O essencial é saber ver, 
Saber ver sem estar a pensar, 
Saber ver quando se vê, 
E nem pensar quando se vê 
Nem ver quando se pensa. 
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!), 
Isso exige um estudo profundo, 
Uma aprendizagem de desaprender 
E uma seqüestração na liberdade daquele convento 
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas 
E as flores as penitentes convictas de um só dia, 
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas 
Nem as flores senão flores. 
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores. 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXIV" 
Heterónimo de Fernando Pessoa 


E claro as mudanças também importam,as metamorfoses dos poetas em ação,a transitoriedade na natureza. 

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 

Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades. 

O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 

E afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto, 
Que não se muda já como soía. 

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" 

E nessa musica onde notas soam métricas "livres",decassílabas e oitavas,Fagundes não detesta nem mal diz! 

Eu não detesto nem maldigo a vida,

Nem do despeito me remorde a chaga;

Mas ai! sou pobre, pequenino e débil,
E sobre a estrada o viajor me esmaga!

Fere-me os olhos o clarão do mundo,
Rasgam-me o seio prematuras dores,
E à mágoa insana que me enluta as noites
Declino à campa na estação das flores!

E há tanto encanto nos desertos vastos,
Tanta beleza do sertão na sombra,
Tanta harmonia no correr do rio,
Tanta doçura na campestre alfombra,

Que inda pudera se alentar de novo
E entre delícias flutuar minh’alma,
Fanada planta que mendiga apenas
O orvalho, a noite, a viração e a calma!


Já na ultima parte, a sensação de morte toma conta dos poetas,e as mascaras dessas vez são tristes e melancólicas! Os palcos escuros escondem rostos e esboços de seus próprios fantasmas! 
Pensar pensar..ou morrer? 


Se Depois de Eu Morrer, Quiserem Escrever a Minha Biografia


Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
 
Não há nada mais simples 
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte. 
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus. 

Sou fácil de definir. 
Vi como um danado. 
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma. 
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei. 
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver. 
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras; 
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento. 
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais. 

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança. 
Fechei os olhos e dormi. 
Além disso, fui o único poeta da Natureza. 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa


Concluindo uma jornada as estrelas românticas,clássicas,modernistas observo que: O livro possui um conteúdo maravilhoso,sobre as faces escondidas da poesia entre entrelinhas, e versos perdidos.Não só a poesia faz pensar,mas também o autor,caracterizando bem e descrevendo corretamente cada ponto,sentimento e reflexão dos nossos grandes mestres. 

Um comentário: